Juros bancários são incompatíveis com projetos de inovação, diz estudo

Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro

Juros bancários são incompatíveis com projetos de inovação, diz estudo

Para a maioria das empresas brasileiras de tecnologia, o alto custo dos juros bancários é o principal obstáculo para terem acesso a financiamento bancário para projetos de inovação

inovacao_2Os juros elevados são hoje o principal obstáculo para as empresas de tecnologia brasileiras terem acesso a financiamento bancário para projetos de inovação. A constatação é de um estudo realizado pela Abes (Associação Brasileira das Empresas de Software) sobre o acesso a financiamento bancário entre empresas do setor de tecnologia.

O objetivo do estudo é entender como essas companhias têm se refinanciado no mercado brasileiro, quais taxas de juros estão pagando e qual o perfil dessas empresas em relação ao seu porte, tipo de serviço prestado, maturidade, faturamento e localização. Além dos financiamentos, o estudo também buscou entender qual é a percepção das empresas quanto a fundos de investimentos, outra forma de captação de recursos.

Entre as principais fontes de apoio público adotadas nos últimos quatro anos, o cartão BNDES foi o mais citado pelas empresas, com 16%; as IFDs (Instituições Financeiras de Desenvolvimento) regionais (acesso indireto com cartão BNDES) em segundo lugar, com 12%. Quarenta por cento das empresas afirmaram que já tiveram algum apoio público, enquanto 27% declararam ter acessa do algum produto do BNDES, sendo que sete das empresas utilizaram o Prosoft e 11, a Linha MPME Inovadora.

Restrições para o acesso ao crédito

Quando perguntadas sobre quais restrições relevantes são enfrentadas para ter acesso ao crédito nos bancos comerciais, 61,33% afirmaram o “alto custo dos juros bancários” como a principal restrição. A “exigência de garantias reais” foi apontada em segundo lugar com 46,67%, seguida pelo termo genérico “burocracia”, com 33,15%, que normalmente é a forma dos bancos recusarem o crédito para as empresas.

Sobre a taxa de juros total ao ano, 47% disseram pagar entre 0 a 20% ao ano e 53% de 20% a mais de 50% ao ano. Trinta por cento das empresas da amostra afirmaram nunca ter utilizado empréstimo de banco comercial. Entre as garantias de pagamento apontadas pelas empresas estão: aval pessoal (sócios), 50%; caução de recebíveis de clientes, 47,83%; fiança bancária, 26,63% e garantia real (geralmente hipoteca), 23,37%.

De acordo com a diretora de inovação e fomento da Abes, Jamile Sabatini Marques, a amostra traz uma percepção do perfil das empresas de tecnologia do Brasil e pode ajudar aos bancos criarem linhas de investimentos adequadas à realidade desses negócios.

“Entre os principais resultados do estudo, podemos destacar o perfil das empresas de tecnologia e as indicações em relação às dificuldades de acesso ao crédito. A maioria, 58,7%, tem atuação no desenvolvimento de software, afirmando a característica inovadora do setor. As respostas em relação aos bancos comerciais e os recursos públicos demonstram um descompasso entre as necessidades das empresas e as ofertas de linhas de fomento para atender o setor”, comenta Jamile.

Perfil das empresas

Das 184 empresas entrevistadas, 22,8% têm entre cinco e nove anos de atuação no mercado. A maioria, 54% têm sua sede localizada na região Sul do país; 39% na região Sudeste, sendo 27% somente no Estado de São Paulo. Sete por cento das empresas são do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Em relação ao desempenho das empresas nos últimos quatro anos, 52% afirmaram que sua empresa se tornou mais competitiva nacionalmente. Um quarto da amostra cresceu ou pelo menos dobrou o faturamento em quatro anos. Em relação à atuação internacional, 20,65% exportam seus produtos. Não mais de 4% das empresas nacionais tem colaboradores contratados no exterior. A pesquisa constatou que apenas 1,09% tem com controle acionário estrangeiro.

Fundos de investimento

Sobre fundos de investimento, 44,02% afirmaram ter interesse, mas que nunca tiveram oportunidade de dialogar com um fundo. Além disso, 21,74% disseram não conhecer suficientemente sobre o assunto. Somente 3,8% já receberam investimento de um fundo de participações. Entre os benefícios que a empresa receberia a partir do investimento de um fundo, 78,26% indicaram o “aporte financeiro”; 64,13% indicaram “a adoção de planejamento estratégico voltado para significativo crescimento”.

“Além da necessidade de se ofertar linhas de crédito mais adequadas em termos de taxas e garantias, esse resultado demonstra que ainda há um longo caminho a ser percorrido quanto à disseminação das linhas de financiamento. Também demonstra que há espaço para ajudar as empresas a internacionalizar seus produtos e o interesse desse setor em se aproximar de fundos de investimento”, finaliza Jamile.

Fonte: ComputerWorld

Texto original:
http://computerworld.com.br/juros-bancarios-sao-incompativeis-com-projetos-de-inovacao-diz-estudo