Três questões fundamentais sobre Internet das Coisas

Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro

Três questões fundamentais sobre Internet das Coisas

E como elas estão mudando a relação das marcas com as pessoas

Por: Paulo Roberto Camara

Nos últimos três anos, a  CI&T vem desenvolvendo IoT na prática e demonstrando que esse assunto não é somente uma aspiração e uma visão futurística, mas sim algo tangível para a realidade das empresas.

Temos diversas iniciativas em diferentes segmentos que têm nos trazido grandes aprendizados ao longo dessa jornada. Uma delas, inclusive, é aplicada na própria CI&T e virou um produto: o FreeRoom, uma solução de “Smart Offices” que permite a otimização da utilização das salas de reunião e outros recursos corporativos, através de sensores conectados na nuvem que monitoram a ocupação desses espaços em tempo real.

Além disso, nos juntamos a diversas outras empresas e fundamos uma rede em torno de IoT, a TeN (Technology Experience Network). Seu objetivo é transformar em realidade projetos de IoT de forma massiva, unindo grandes corporações, startups, empresas de tecnologia, makers, pesquisadores, agências e profissionais de diversas áreas em um ambiente de experimentação, orientado para a transformação de negócios e para solucionar problemas reais da sociedade e do mercado.

Bem, vamos aos pontos importantes que surgiram a partir da nossa experiência com IoT no mercado.

1. IoT é um meio, e não fim
A primeira questão importante é a consciência de que IoT é um meio e não um fim. A solução tecnológica representa um meio para gerar engajamento e alcançar objetivos mais amplos, como conhecer melhor os clientes e seus hábitos para oferecer experiências diferenciadas. Afinal, as marcas querem conhecer o consumidor individualmente e têm como propósito gerar relações duradouras, conectando-se com ele.

Um bafômetro digital, conectado a um aplicativo, iniciativa que estamos trabalhando com uma seguradora,  exemplifica esse propósito. Ao permitir que o usuário verifique os índices de álcool para avaliar se estão ou não dentro dos limites permitidos, a solução entrega valor ao mesmo tempo em que gera aprendizado sobre seus hábitos.

2. Seu device conectado é um sistema e não um produto
O segundo ponto importante é ter a consciência de que as coisas conectadas não são apenas produtos e sim sistemas, ou seja, algo bem mais complexo.

Por exemplo, um grande varejista está apostando em etiquetas de preço inteligentes com sensores que detectam a quantidade de produtos na gôndola, como forma de evitar o problema crítico de ruptura, que é a falta do produto no momento em que o consumidor está lá para comprá-lo. Além disso, ele será capaz de oferecer preços personalizados e, com isso, garantir a otimização do ciclo de estoque. Apesar de funcionar como um produto, a smart tag têm também outras funções, como a habilidade de se automonitorar, gerar dados para análise, fazendo interface com sistemas externos, além de permitir o controle de forma remota.

3. O desafio real está na escala
O desafio real dessas soluções é a escala. Na conferência, citei o exemplo de um modelo para tornar uma cadeia de postos de combustíveis mais inteligente por meio de serviços conectados. A implantação da solução em um ou mais postos piloto é algo mais simples, mas exige um acompanhamento próximo.

Porém, quando se trata de escalabilidade para toda a cadeia de postos, em diferentes geografias, questões extremamente importantes como a viabilidade financeira, a logística de operação e ecossistema de (muitas vezes, novos) parceiros necessários tornam-se fundamentalmente críticas e complexas.

Não há dúvida do potencial de transformação que IoT traz para diversos segmentos e cadeias do valor. Os executivos cada vez se entusiasmam mais com os exemplos que começam a aparecer no mercado. Entretanto, as empresas que já andaram uma parte desse caminho perceberam que ainda há várias perguntas críticas sem resposta, principalmente em cenários de uso em escala dessas tecnologias.

O fundamental é criar as condições internas – sejam de competências-chave, processos e orçamento – para que esse processo de aprendizado possa ocorrer.

Fonte: CIO

Texto original:
http://cio.com.br/opiniao/2017/05/07/tres-questoes-fundamentais-sobre-internet-das-coisas/