CIOs brasileiros vão aumentar investimentos em IoT em 2018, diz estudo
As principais barreiras para adoção de IoT estão relacionadas à dificuldade de se chegar a uma justificativa financeira (ROI) e uma argumentação sólida capaz de quebrar resistências culturais
Pelo segundo ano consecutivo, a Logicalis analisou o mercado brasileiro para chegar a um retrato fiel da maturidade em relação à adoção de soluções de Internet das Coisas (IoT). Para 37% dos entrevistados, IoT já é importante ou muito importante para os negócios – aumento significativo frente aos 27% da primeira edição do estudo. Além disso, para 71% dos respondentes, IoT terá importância alta ou muito alta dentro dos próximos três a cinco anos – frente a 62% no ano anterior. E 68% delas investirão mais em IoT em 2017, se comparado a 2016.
O estudo IoT Snapshot investigou o mercado brasileiro nos meses de julho e agosto de 2017, foram realizadas entrevistas com 172 executivos de grande empresas brasileiras, além de três operadoras de telecomunicações e o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). A amostra buscou refletir a realidade do mercado em termos de verticais abordadas, e se concentrou nas empresas de maior porte. Foram realizadas 176 entrevistas, sendo 160 quantitativas e 16 entrevistas qualitativas. Das empresas participantes, 37% fatura acima de R$ 500 milhões.
Atualmente, 18% dos entrevistados já adotam e 19% estão em processo de adoção de soluções de IoT. Para 2018, 28% dos respondentes já tem planos concretos de adoção de IoT. Os investimentos cresceram consideravelmente em 2017, acompanhando o amadurecimento das empresas em relação ao tema. Apenas 25% dos entrevistados não possui orçamento dedicado a IoT, contra 47% na edição passada. Entre os que já têm, a maioria (35%) afirma ser um investimento inicial e 33% garante que o valor dedicado a esse tipo de projeto é maior do que no ano passado.
O setor de utilities e o agronegócio despontam como os mais avançados na adoção de IoT – 45% e 30% dos entrevistados, respectivamente, já possuem projetos. No segmento de agronegócio, 56% das iniciativas se dá por decisão estratégica em vez da comprovação de ROI – sendo a única vertical que pende para a inovação.
Já o segmento de manufatura, apesar do alto potencial de resultados, é o mais conservador em relação à IoT – apenas 12% já adotam a tecnologia. Isso se deve à falta de garantia de retorno antes de investir: apenas 31% da indústria adota IoT se não tiver garantia de retorno. Esse, inclusive, é um dos principais desafios para adoção da tecnologia em todos os segmentos.
Os principais benefícios esperados a partir da adoção de internet das coisas são aumento de inteligência e suporte à tomada de decisão, seguido por novas fontes de receita e por melhoria na experiência do consumidor. No ano passado, as empresas buscavam produtividade, eficiência operacional e redução de custos.
Maturidade
Dois fenômenos paralelos vêm impactando a forma como o mercado lida com a internet das coisas. Se por um lado percebe-se uma evolução do conhecimento a respeito do tema e, consequentemente, uma maior facilidade de se conceituá-lo; paralelamente, percebe- se uma tendência de se classificar como tal uma série de iniciativas que ainda não são exatamente IoT, mas sim soluções simples de automação e/ou sensorização.
De modo geral, pode-se dizer que o entendimento da maioria é que se pode chamar de internet das coisas as iniciativas que envolvam dispositivos e sensores que, via internet, gerem dados a serem consumidos para gerar melhorias nos processos e nos negócios, ainda que não seja levada em consideração a profundidade de análise e tratamento desses dados.
A complexidade das soluções parece tornar- se mais evidente para os executivos, conforme passam a ser citadas ao se descrever uma arquitetura de IoT. Enquanto, em 2016, viam-se apenas “sensores”, “rede” e ” analytics “, este ano já se nota a inclusão de uma plataforma de IoT – que faça a integração das partes –, uma camada de inteligência artificial e/ou machine learning e o aumento da importância da segurança nessa equação. Finalmente, as aplicações mostraram- se uma parte importante da arquitetura de uma solução de IoT, na visão dos entrevistados.
A maturidade do mercado fica evidente quando se pergunta sobre a complexidade das soluções. Em 2016, os respondentes relacionavam a projetos de IoT apenas sensores, rede e analytics. Neste ano, já se nota a inclusão de uma plataforma de IoT, uma camada de inteligência artificial e/ou machine learning e o aumento da importância da segurança.
Potecial de mercado
Na opinião dos autores do estudo, o potencial de mercado das soluções de Internet das Coisas no Brasil está claro. Conforme cresce o entendimento sobre o conceito, aumenta também a importância dada ao tema pelas empresas. Hoje, IoT é assunto estratégico para grande parte das organizações e os benefícios esperados estão cada vez mais ligados à tomada de decisões e à transformação dos modelos de negócios.
Mas, ainda de acordo com o estudo, as principais barreiras para adoção de IoT estão relacionadas à dificuldade de se chegar a uma justificativa financeira (ROI) e uma argumentação sólida capaz de quebrar resistências culturais. Apontada por 28% dos entrevistados, a análise de retorno do investimento é o principal desafio, enquanto a falta de casos de sucesso e soluções testadas aparece em terceiro lugar, citada por 21%.
Ambas as questões, ainda que típicas dos conceitos incipientes, são fruto também da imaturidade dos fornecedores, que ainda não se mostram preparados para apoiar os CIOs na construção de uma argumentação convincente para a alta gestão das empresas. As barreiras culturais e a falta de conhecimento sobre IoT – questões mais internas às empresas – foram citadas por 24% dos respondentes e ocupam a segunda posição entre os entraves para a IoT.
Quem lidera os projetos?
Conforme o conceito de transformação digital se fortalece e se dissemina, o tema “inovação” ganha força dentro das organizações. Assim, 26% das empresas entrevistadas hoje já possuem uma área dedicada a iniciativas inovadoras. Apenas em, aproximadamente, um terço dos casos (29%), a inovação está inserida no departamento de tecnologia da informação, enquanto na maior parte das situações (43%), essas áreas são independentes e reportam a uma unidade de negócios. Em sua minoria (19%), tratam-se de áreas com posição estratégica, que reportam diretamente ao presidente/CEO.
Quando existe uma área de inovação, a tendência é que os projetos de IoT sejam liderados por elas – isso é o que ocorre em 57% dos casos identificados pela pesquisa. A grande tendência, porém, é que as iniciativas de internet das coisas sejam tocadas em conjunto por TI e negócios, sendo que, em geral, as demandas partem das áreas de negócios e são atendidas pelo CIO e sua equipe.
Fonte: CIO
Texto original:
http://cio.com.br/tecnologia/2017/10/04/cios-brasileiros-vao-aumentar-investimentos-em-iot-em-2018-diz-estudo/