Bimodal: Um caminho a seguir ou apenas uma farsa?

Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro

Bimodal: Um caminho a seguir ou apenas uma farsa?

Artigo defende que conceito do Gartner não passa de uma desculpa. Solução, afirma autor, seria usar cloud para lidar com legado.

Por: Peter Bendor-Samuel.

O Gartner apresentou o modelo de TI Bimodal, que é basicamente uma recomendação sobre como organizar abordagens de TI com relação às demandas do negócio. De forma simples, a ideia é a de que os departamentos de TI devem operar em dois modos: O Modo 1 é um ambiente do legado e o Modo 2 é a nuvem. No modo nuvem, a TI pode implementar um conjunto de filosofias, metodologias, tecnologias e organização que se adequem às demandas do negócio com relação à velocidade e agilidade.  No mundo do legado, a TI deve manter a estabilidade e as antigas estruturas impulsionadas pelo ITIL. O conceito Bimodal do Gartner diz que um grupo de TI precisa se mover, ao mesmo tempo, de modo rápido e lento em direção a um local de trabalho digital eficiente.

Essa é uma desculpa para não agir de modo apropriado. Porque uma organização faria isso? Estou aqui para denunciar essa transgressão sobre essa farsa.

Primeiro, vamos examinar o que é verdade sobre a construção Bimodal. É verdade que no mundo da nuvem é muito mais fácil implantar as metodologias ágeis como o DevOps. A nuvem fornece um ambiente padrão, escalável e flexível que pode ser facilmente montado e naturalmente se presta a um mundo definido por software. Então é muito mais fácil funcionar de modo rápido nesse ambiente. Mas isso não é desculpa para não aplicar essas mesmas filosofias ao mundo do legado.

Um objetivo no pensamento Bimodal é seguir o máximo que puder e o mais rápido que puder para o novo mundo. Mas essa pode não ser uma boa ideia. Em sua superfície, a migração para a nuvem oferece uma promessa interessante – caso você deixe de lado os riscos de negócio e os custos da migração. Também quero apontar que essa estratégia nunca lidará com o desequilíbrio fundamental nos custos que os departamentos de TI têm de modo desproporcional no legado em comparação com o que gastam no mundo da nuvem. Mesmo que uma organização use uma média de 20% de seus custos nos ambientes de nuvem pública ou privada, 80% de seu custo com TI permanecerão no ambiente do legado.

Recomendo que CIOs optem pelo DevOps – a joia na coroa do mundo da nuvem – e apliquem seus princípios de pensamento ágil e flexível a seu mundo do legado. Embora difícil, as organizações certamente são capazes de obter sucesso nesse esforço. Um caso em questão é a JPMorgan. Ao optar por uma estratégia DevOps no PaaS, eles obtiveram resultados incríveis, de acordo com a apprenda.com, incluindo:

·  Melhoria de 700% na produtividade do desenvolvedor

·  Redução de 59 dias no tempo até o lançamento no mercado

·  A utilização de infraestrutura passou de 40% para 70%

·  Economia de 45% em custos com infraestrutura

·  Agendamento de lançamento contínuo em vez de duas vezes ao ano

Essas são grandes e significativas melhorias no desempenho em termos de tempo, custo, qualidade e manutenção. No fim das contas você pode, de fato, pegar os princípios DevOps (apesar de que com mais esforço e mais investimento) e aplicá-los ao legado.

À medida que nós do Everest Group trabalhamos com negócios aplicando os princípios DevOps ao ambiente do legado, testemunhamos uma melhoria considerável de 50% na produtividade. Não estou argumentando que você não deva levar o trabalho do legado para a nuvem. Contudo, nem tudo será movido de modo rápido a partir do legado. Claramente, negócios podem aplicar o mesmo conjunto de filosofias, princípios e técnicas de automação do mundo da nuvem (apesar de que com mais esforço e investimento) para uma parte maior do legado. Acredito a área de negócios seria igualmente tola em não implementasse esses princípios em seu mundo de legado assim como seria se não explorasse tais princípios no mundo da nuvem.

Consequentemente, digo que a Gartner compreendeu errado. Não é um mundo Bimodal. Primeiramente é um mundo em transição para a nuvem e, depois, de aplicação de suas metodologias e estratégias ao mundo do legado. Não é uma questão de ambos ou qualquer um deles, nem é necessário ir devagar enquanto se vai rápido. É uma questão de aplicar alguns conceitos, tanto no ambiente da nuvem quanto no ambiente de legado.

Você consegue alcançar melhorias na mesma intensidade no legado? Não. Você alcançará o mesmo tipo de flexibilidade e velocidade no legado? Não. Mas você vai melhorar dramaticamente seu desempenho de TI. Certamente você alcançará mais velocidade a um custo mais baixo na nuvem, e obterá melhorias substanciais em termos de velocidade e custo até mesmo no legado.

Existe outro benefício advindo da utilização dessa abordagem, em vez do pensamento Bimodal de fuga: você poderá reestruturar sua organização de TI em torno da demanda por velocidade por parte dos usuários do negócio.

Fonte: ComputerWorld.

Texto original:
http://computerworld.com.br/bimodal-um-caminho-seguir-ou-apenas-uma-farsa