Hype em torno da Inteligência Artificial tem deixado os CIOs cautelosos demais
Apesar de existir há muito tempo, a IA ainda está com seu uso comercial voltado às aplicações específicas da indústria, o que deixa os CIOs receosos, quanto ao seu potencial. Confira as percepções fundamentais para que os CIOs possam dar início a uma jornada eficaz de IA
Os CIOs estão sendo impactados pela propaganda em excesso feita sobre o potencial da inteligência artificial (IA) ao longo dos anos. Das máquinas Lisp da década de 1980, passando pelo supercomputador DeepBlue, da IBM, em 1997, que venceu o mestre do jogo de xadrez Gary Kasparov, até a estreia do IBM Watson na década de 2010, a IA existe há muito tempo em várias formas, mas seu uso comercial está em aplicações específicas da indústria, como previsões atuariais e diagnósticos médicos — o que torna os CIOs compreensivelmente cautelosos sobre como promover o potencial valor de negócios dessa tecnologia.
“Os CIOs experientes estão experimentando em conjunto com seus pares de negócios como descobrir os principais casos de uso e o ROI [retorno do investimento] da inteligência artificial para avaliar seu potencial em mudar mercados e refazer modelos de negócios existentes”, afirma Janelle B. Hill, vice-presidente de pesquisas do Gartner.
Há quatro percepções fundamentais que os CIOs precisam saber antes de iniciarem uma jornada bem-sucedida de IA. A primeira percepção é que o negócio digital está acelerando o interesse pela inteligência artificial em um ritmo que deixou muitos CIOs com pressa para construir uma estratégia e um plano de investimento apropriado para suas empresas.
Ao longo dos últimos anos, a velocidade de inovação foi surpreendente, principalmente vinda de pequenos fornecedores. Os CIOs estão na posição perfeita para educar o CEO e a diretoria da empresa sobre os recentes desenvolvimentos em inteligência artificial e ilustrar como a IA pode influenciar seus negócios e seu cenário competitivo.
A segunda percepção é que, embora muitas tecnologias principais de IA sejam comprovadas, o mercado de soluções que usam essas ferramentas em geral está engatinhando, de modo que os CIOs devem esperar mudanças rápidas em produtos e soluções. Algumas indústrias têm utilizado a inteligência artificial com grande sucesso. Na área da saúde, por exemplo, graças a um diagnóstico assistido por computador, uma máquina foi capaz de detectar 52% dos casos de câncer de mama com base em exames de mamografia até um ano antes de as mulheres serem oficialmente diagnosticadas. Mas há limites para as soluções de IA, especialmente se não existem dados disponíveis ou se são dados de má qualidade.
Ao promover a inovação, os CIOs e seus pares de negócios podem descobrir em conjunto como usarem melhor as tecnologias de IA em suas indústrias. As empresas que se comprometem a promover a experimentação em toda a organização podem encorajar seus funcionários a interagir com produtos de IA de baixo custo, como Alexa, Cortana, um drone, uma tecnologia vestível e assim por diante. Os CIOs podem assim monitorar ativamente o mercado de soluções emergentes que se baseiam nas lições aprendidas com os experimentos.
Além disso, os CIOs precisam construir conhecimento, experiência e habilidades sobre aprendizagem profunda, processamento de linguagem natural (do inglês, Natural-Language Processing – NLP) e a visão computacional, já que são áreas líderes de avanço tecnológico rápido. Outras capacidades necessárias são reconhecimento de voz, processamento de imagens e melhorias em processamento de big data e métodos de análise avançados como aprendizado de máquina e aprendizado profundo.
Como terceiro ponto, o Gartner explica que, embora a maioria das organizações não explore usos vanguardistas, a inteligência artificial desempenhará um papel cada vez mais importante entre principais objetivos comerciais citados com frequência pelos CEOs: melhor relacionamento com o cliente, aumento da vantagem competitiva e melhoria da eficiência. Como resultado, as empresas terão que monitorar as soluções emergentes de IA para construírem um case de negócios e para identificarem as limitações nas tecnologias atuais para que possam entender a complexidade das habilidades necessárias para preencher lacunas de desempenho.
A quarta percepção mostra como as condições de mercado para o sucesso comercial com a inteligência artificial estão bem alinhadas, tornando essa tecnologia segura o suficiente para que os CIOs investiguem, experimentem e elaborem estratégias sobre potenciais domínios de aplicação. Avanços recentes em aprendizado de máquina, big data, visão computacional e reconhecimento de voz estão aumentando o potencial comercial da IA. No entanto, a inteligência artificial exige novas habilidades e uma nova maneira de pensar sobre os problemas.
Os CIOs devem garantir que as áreas de TI possuam a estratégia e a governança das soluções. Embora os primeiros experimentos com essa tecnologia possam começar com uma quantia relativamente pequena, para a implantação completa, a maior área de investimento deve ser criar e manter os talentos necessários. Suas habilidades incluem conhecimento técnico em tecnologias específicas de IA, ciência de dados, manutenção de dados de qualidade, conhecimentos em problemas de domínio e habilidades para monitorar, manter e controlar ambientes.
Fonte: CIO
Texto original:
http://cio.com.br/tecnologia/2017/10/04/hype-em-torno-da-inteligencia-artificial-tem-deixado-os-cios-cautelosos-demais/