Metade dos clientes de bancos no mundo já usa serviços de fintechs

Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro

Metade dos clientes de bancos no mundo já usa serviços de fintechs

Estudo diz que inovação e colaboração são a chave para instituições financeiras tradicionais e fintechs atenderem às crescentes expectativas dos clientes

fintech_1Metade dos clientes bancários em todo o mundo estão usando produtos ou serviços de pelo menos uma fintech, startup de serviços financeiros, é o que revela a primeira edição do World FinTech Report (WFTR), estudo conduzido pela Capgemini e pelo LinkedIn, em colaboração com a Efma.

O estudo constatou que as fintechs estão ganhando força e reconhecimento entre os mais jovens ─ os “tech-savvy” (grandes conhecedores de tecnologia moderna, especialmente computadores) ─ e entre clientes com maior poder aquisitivo. Os mercados emergentes lideraram a adoção, sendo que mais de 75% dos clientes na China e na Índia relataram usar serviços prestados por fintechs, seguidos pelos Emirados Árabes Unidos e Hong Kong.

As fintechs fizeram os maiores avanços na gestão de investimentos, sendo contratadas exclusivamente por 17% dos clientes, além de outros 27% que as usam adicionalmente aos fornecedores tradicionais. Com tantas fintechs especializadas em serviços de nicho, o WFTR também descobriu que muitos clientes (46%) estão usando serviços de mais de três empresas.

Apesar do caráter disruptivo das fintechs em relação aos serviços financeiros tradicionais, o nível geral de confiança do cliente nessas startups continua baixo. Apenas 24% dos clientes disseram confiar na fintech que utiliza, na comparação com 37% que confiam nas empresas tradicionais. Os clientes notaram que instituições financeiras tradicionais ainda guardam alguma vantagem sobre as fintechs quando se trata de proteção contra fraudes, qualidade de serviços e transparência.

“Aumentar as expectativas dos clientes para experiências digitais mais personalizadas, avanços na tecnologia, maior acesso ao capital de risco e menores barreiras para a entrada criaram um terreno fértil para o crescimento das fintechs”, explica Penry Price, vice-presidente de soluções de marketing do LinkedIn. “As fintechs estão ganhando força ao atender às demandas que os players tradicionais ainda precisam endereçar. Porém, muitas delas ainda não têm a transparência necessária para ganhar a confiança de seus clientes e capitalizar essas oportunidades”, completa.

Esforço para inovação

Instituições financeiras tradicionais continuam a enfrentar desafios, com menos da metade (44%) dos executivos confiantes em sua estratégia de fintech. Isso não surpreende, já que somente cerca de um terço (35%) afirma ter uma estratégia de inovação bem estruturada ou proativa em andamento e que esteja incorporada culturalmente. A aversão natural aos riscos das empresas tradicionais também dificulta a criação de uma cultura que priorize a inovação e, assim, 40% dos executivos disseram que as corporações para as quais trabalham não estão propícias à inovação.

“Os executivos mais experientes de serviços financeiros estão vendo as fintechs sob uma nova luz, à medida em que identificam maiores oportunidades de colaboração ─ mas também estão fazendo progressos significativos na construção de fintechs internas mais ágeis”, afirma Thierry Delaporte, líder da Unidade Global de Negócios de Serviços Financeiros da Capgemini e membro do Conselho Executivo do grupo. “Mas com a exceção de uma parcela de líderes do setor, a maioria das empresas está lutando para alcançar resultados positivos em suas iniciativas de inovação, com apenas 10% dos executivos afirmando terem sido muito eficazes para alcançar os resultados de inovação desejados”.

O WFTR constatou que as empresas tradicionais estão, cada vez mais, buscando uma ampla gama de estratégias em resposta às fintechs. A maioria das instituições financeiras (60%) agora as vê como parceiros potenciais, enquanto que quase o mesmo porcentual (59%) também está desenvolvendo ativamente suas próprias capacidades internas. Além de parcerias e desenvolvimento in-house, os executivos estão explorando uma gama completa de modelos, sejam investimentos em fintechs (38%), parcerias com instituições educacionais (34%) ou definição de aceleradores (30%), enquanto um percentual muito menor (19%) está adquirindo fintechs.

Aposta nas tecnologias emergentes

As empresas tradicionais estão, em grande parte, respondendo a esta mudança ao dar a mais alta prioridade ao investimento em tecnologias capazes de facilitar operações mais eficientes e ágeis. E, assim, proporcionam melhores experiências diárias ao cliente. Cerca de 90% dos executivos afirmam estar mais focados na implementação de big data e analytics, seguidos pela Internet das Coisas (56%), blockchain (55%), automação de processos robóticos (52%) e tecnologias API abertas (50%).

A tecnologia blockchain, que forma a espinha dorsal da popular moeda virtual bitcoin, está cada vez mais presente na indústria de serviços financeiros. Ela tem inúmeras aplicações, incluindo transferências avançadas de ativos digitais, gerenciamento de identidade e melhor gestão de soluções de recompensa e fidelidade.

“Tanto as fintechs como as empresas tradicionais ainda têm trabalho a ser feito para entregar uma melhor experiência ao cliente”, disse Vincent Bastid, secretário-geral da Efma. “A chegada das fintechs acelerou a melhoria da experiência do cliente na indústria, mas ainda não está no nível desejado. É apenas questão de tempo, para que empresas bigtech (players de tecnologia que estão oferecendo produtos de tecnologia e podem também oferecer produtos financeiros) e players de e-commerce e telecomunicações se unam para reivindicar sua parte e se beneficiar desta disrupção da indústria”.

Para ajudar as organizações tradicionais a superarem sua eventual resistência à inovação e a enfrentarem a potencial disrupção (atual e futura), o WFTR definiu um quadro de quatro etapas essenciais frente a um número crescente de ameaças potenciais para o setor de serviços financeiros. De acordo com o relatório, as empresas tradicionais de serviços financeiros podem desbloquear a inovação: descobrindo novas tecnologias, idealizando novos modelos de negócios, contratando executivos alinhados para apoiar e sustentar a inovação, assim como melhorando a eficiência e adotando melhores práticas. Como a “plataformização” da indústria continua a ganhar força, será cada vez mais imperativo que as instituições financeiras tomem medidas agressivas para inovar.

Fonte: ComputerWorld

Texto original:
http://computerworld.com.br/metade-dos-clientes-de-bancos-no-mundo-ja-usa-servicos-de-fintechs