Não seja um programador ignorante!

Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro

Não seja um programador ignorante!

Por: André Luis Celestino

39Como estamos inseridos no mercado de trabalho de desenvolvimento de software, é comum encontrarmos profissionais que trabalham com diferentes linguagens de programação. Porém, apesar de compartilharmos da mesma área de atuação, muitas vezes é praticamente impossível levar uma conversa produtiva com alguns destes profissionais. Caros leitores, estou falando dos programadores ignorantes.

Esse artigo é um mero tópico sobre ética profissional, algo que vejo muito ausente na comunidade de programação.

Eu me surpreendo ao observar o tanto de programadores ignorantes que existem por aí. Tomam o próprio conhecimento como verdade absoluta e se veem no direito de criticar qualquer profissional alheio que não faça parte do seu nicho, como, por exemplo, não programa na mesma linguagem.

Quer um exemplo?

Há pouco tempo, conversei com um colega de trabalho que está participando de um grupo de estudos em ASP.NET. Em um dos encontros, alguém fez uma breve menção de uma função existente em PHP, questionando qual seria a equivalência no ASP. Nesse momento, um programador, lá na frente, soltou uma gargalhada e disse:

“Vissshhhh, cara, você programa em PHP? Saí daquela b*sta de linguagem!”

Isso é realmente necessário? O programador ganha alguma coisa difamando a linguagem? No meu ponto de vista, é ignorância pura. PHP, assim como todas as outras linguagens, possui seus pontos fortes e fracos. Programadores sabem disso, mas, mesmo assim, insistem em criticar. A sorte é que o programador PHP não se ofendeu (ou seja, comportou-se como profissional), senão, o grupo de estudos se transformaria em um campo de batalha.

Oras, se um programador não teve uma boa experiência com a linguagem, ou simplesmente não se identificou com a sintaxe, estrutura, ou até mesmo a IDE, tudo bem, siga em frente. Isso não significa necessariamente que todos os outros programadores compartilham da mesma opinião. Talvez, o que você não conseguiu fazer com a linguagem pode ser resultado da falta de conhecimento ou falta de tentativas. Então, por favor, não me venha criticando a linguagem só porque não foi capaz de compreendê-la.

Consigo notar a mesma ignorância nos comentários postados em artigos na internet e redes sociais. No Facebook, há uma página chamada “Bugginho Developer” que faz várias sátiras sobre linguagens de programação, e até me divirto muito com elas. Porém, dedique um tempo para visitar a página e leia os comentários de cada publicação. É uma ignorância atrás da outra. Sério, é impressionante como os programadores “se dóem” quando debocham da linguagem que programam, como se fosse uma religião, ou como se alertassem: “Mexeu com a linguagem que eu programo, mexeu comigo!”. Fiz questão de copiar um dos comentários como exemplo:

“Eu programo na linguagem […], e não tem nada a ver essa brincadeira idiota. Isso pra mim é coisa de moleque querendo likes.”

Por favor, me poupem…

Algumas vezes zombaram do Delphi, que é a linguagem que eu programo atualmente. Vocês acham que isso me deixa irritado? Fere a minha alma? Claro que não! É só uma brincadeira! Isso não vai diminuir o meu conhecimento, roubar o meu emprego ou me expulsar do mercado de trabalho. Pensar assim é ignorância!

Eventualmente, ouço dizer que “Delphi está morto”, “Delphi é linguagem para iniciantes” ou perguntando se “Delphi ainda existe”, mas não me sinto ofendido. Eu desempenho o meu trabalho com profissionalismo e sou capaz de aprender uma nova linguagem, caso seja necessário. Não há problema nisso.

É fato que algumas linguagens fornecem recursos que não existem em outras. Em contrapartida, essas outras linguagens podem disponibilizar alguns diferenciais positivos quando comparadas com as primeiras. Tal comparação, em nenhum momento, irá definir um programador como bom ou ruim. São diferentes linguagens, diferentes segmentos e diferentes projetos. Portanto, programadores ignorantes, aprendam a controlar esse fanatismo parvo.

Programar em uma linguagem também é questão de preferência. Tome como exemplo a briga estúpida sobre automóveis. Já ouvi dizerem: “Hyundai é uma porcaria. Melhor marca de carros é a Honda!”. É muita ignorância! Amigos, se vou escolher um automóvel, coloco inúmeros aspectos particulares em pauta, como a minha prioridade de conforto, o meu estilo, o meu gosto visual e as características que eu procuro em um carro. Então, de uma vez por todas, coloquem isso em suas mentes: O que é bom para você, pode não ser bom para mim.

Quando eu estava no curso técnico, um dos meus professores programava em Clipper e atendia vários clientes. Eu sempre ficava com um “pé atrás” em relação a essas linguagens que eu julgava “antigas”, já que eram baseadas em DOS e não forneciam suporte nativo para uso do mouse. Erro meu. Ao ver o sistema em produção, fiquei impressionado com a usabilidade, agilidade e segurança das aplicações. Ah, claro, e com a satisfação dos clientes. Talvez, uma aplicação toda “bonitinha”, com vários recursos visuais, não proporcionaria a mesma produtividade.

A partir desse dia, aprendi que linguagem de programação é apenas uma ferramenta. O que conta mesmo é a criatividade e o profissionalismo.

Eu, particularmente, sou muito imparcial quanto a linguagens de programação. Não critico, não defendo e não digo qual é a melhor. Tenho bom senso e sei que cada um programa na linguagem que mais se identifica.

Enfim, independente da linguagem que programa, para mim, não deixa de ser um programador, portanto, não deixa e fazer parte da minha área de atuação.

Até o próxima semana, leitores!
Abraço!

 

Fonte: Profissionais TI

Texto Original:
http://www.profissionaisti.com.br/2015/11/nao-seja-um-programador-ignorante/