O que esperar da Internet das Coisas?

Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro

O que esperar da Internet das Coisas?

Por: Alexandre Hebra

É indiscutível que a conectividade presente a qualquer hora e em qualquer lugar trouxe muitas inovações que abriram novas oportunidades de negócios, melhoria da qualidade de vida, mais informação e entretenimento para nós, seres humanos.

Mas, e as máquinas? No início, máquinas geravam dados simples, como alarmes sobre aquecimento. Já com o advento da lógica digital e CPUs, esses equipamentos evoluíram e se tornaram mais inteligentes e mais autônomos, mas sempre isoladas no seu domínio de controle local.

Com o advento da conectividade (Wi-Fi, celular, Bluetooth, etc), as máquinas podem transmitir seus dados e informações de operação para outras máquinas, que por sua vez podem ser outros equipamentos que trabalham em conjunto com esta máquina, ou computadores que analisam os dados e tomam decisões de controle, as vezes auxiliadas por interação do ser humano.

Essa primeira etapa foi batizada de comunicação M2M (Machine to Machine), que tomou forma no início do novo século e iniciou uma nova categoria no setor de tecnologia, onde estabeleceram-se padrões e protocolos para garantir a compatibilidade, desenvolvimento e evolução dos sistemas.

Com a evolução dos sensores e barateamento das interfaces analógicas e digitais, além de facilidades de baixo custo para conectividade, qualquer “coisa” que gera ou consome dados se torna viável para transmitir ou receber os mesmos, e, portanto, o termo M2M evoluiu para IoT – ou seja, a Internet das Coisas. Apesar do termo “IoT” ter sido utilizado pela primeira vez em 1999, o universo prático desta tecnologia só tomou forma nos últimos cinco anos.

Para o público em geral, a IoT parece algo distante e que não deve trazer alterações no dia a dia e em sua rotina, já que a impressão que temos é que IoT é algo relacionado a operação das máquinas. Ou seja, que tem pouca relação com o comportamento e os desejos do ser humano. Mas isso é um ledo engano.

Um dos temas principais no IoT World Forum, realizado de 6 a 8 de dezembro em Dubai (Emirados Árabes Unidos), é o de visualizar o objetivo maior de IoT. E a conclusão foi que a IoT vai trazer mais felicidade ao ser humano, por meio da melhoria na qualidade de vida proporcionada por sistemas inteligentes. Como, por exemplo, menos congestionamentos e menos poluição, maior oferta de água potável em países mais necessitados, o aumento do rendimento das plantações de alimentos, diminuição das taxas de defeitos nos aparelhos que nos ajudam no dia a dia, mais segurança nas grandes cidades, maior eficiência e pontualidade nos veículos de transporte de massa, entre muitos outros.

Adicionalmente, a IoT vai gerar gigantescos conjuntos de dados e análises dos mesmos que tem tremendo valor comercial. Por isso, novos modelos de negócio vão surgir. Mas, em que estágio estamos com a IoT? Aqui no IoT World Forum, um dos pontos focais foi analisar os incentivos do mercado para implementação de sistemas de IoT e as estratégias de como chegar lá com sucesso.

Alguns dados sobre a Internet das Coisas podem exemplificar isso (números do próprio evento):

  • 58% das empresas do mercado dizem que IoT é estratégico para seu futuro;
  • Atualmente o crescimento de sistemas de IoT tem dobrado ano a ano;
  • 54% das empresas concordam que a maior oportunidade está em B2B e B2B2C;
  • O número de conexões IoT nas fabricas cresce 204% no comparativo ano a no.

Já o crescimento de 2013 para 2015 apresenta os seguintes números (estimados para esse ano):

  • Sensores colocados no mercado: 10 bilhões em 2013 e 55 bilhões em 2015;
  • Conexões de IoT: 11 bilhões em 2013 e 18 bilhões em 2015;
  • Conexões M2M: 43 bilhões em 2013 e 73 bilhões em 2015;
  • Empresas participantes em consórcios e associações da IoT: 44 em 2013 e 354 em 2015.

Investimentos:

  • Desenvolvedores focados em IoT: 291 mil em 2013, 813 mil em 2015;
  • Startups em IoT: 127 em 2013 e 1502 em 2015;
  • Investimentos de VC: US$1,1 bilhão em 2013 e US$2 bilhões em 2015.

Oportunidades:

  • Receita gerada por IoT: US$548 bilhões em 2013 e US$780 bilhões em 2015;
  • Receita de serviços de M2M: US$79 bilhões em 2013 e US$122 bilhões em 2015;
  • “Coisas” não conectadas em 2013: 99.25% e em 2015: 98,85%.

A mensagem e previsão para o ano de 2020:

  • 50 bilhões de “coisas” conectadas;
  • US$11 trilhões de dólares em novos negócios.

Tudo isso gera novas categorias de negócio, cria cidades inteligentes e transforma economias no mundo todo. O que está acontecendo neste momento é que estamos em um universo onde o smartphone é o centro do ecossistema. Mas, em 2020, o ecossistema será de unidades conectadas uma a outra, criando uma transformação digital que vai permitir ver e realizar ações de forma inteligente (chamado de “smart insights”). Estamos indo da fase onde a “inteligência” das máquinas está embutida e isolada, para a fase de conexão e troca de dados entre as mesmas, culminando em sistemas que tomam decisões inteligentes. Em resumo, IoT é inteligência distribuída, interagindo e presente em todo lugar.

Imagine que, segundo Eric Schmidt, CEO do Google, foram gerados 5 Exabytes de informação desde o nascimento da civilização até hoje. Mas, já em 2003, estávamos gerando este volume de dados a cada 2 dias na Internet. Com a IoT, teremos múltiplos de Exabytes sendo gerados, e já podemos imaginar as conclusões que poderemos extrair deste banco de dados para a melhora da vida no planeta.

Sabemos até onde chegaremos com IoT? É difícil imaginar. O próprio Tim Barnes-Lee, o inventor da Internet, disse: “Eu jamais imaginei o que iria ser criado devido a invenção da Internet”. E, se o que veio depois da invenção da Internet, que objetivava um sistema simples de troca de e-mails e documentos, é uma previsão do que vai vir após a definição e padronização de sistemas IoT, teremos que nos preparar para uma revolução nunca vista no universo digital – e que será tratada em nosso próximo artigo.

Fonte: CIO

Texto original:
http://cio.com.br/tecnologia/2015/12/11/o-que-esperar-da-internet-das-coisas/