O que pode (e o que não pode) ser migrado para a nuvem

Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro

O que pode (e o que não pode) ser migrado para a nuvem

E o que fazer se não for a hora certa de migrar?

Por: Gerardo Dada

De acordo com os resultados de uma recente pesquisa feita com profissionais de TI, 43% das organizações estimam que pelo menos metade da infraestrutura de TI estará na nuvem nos próximos três a cinco anos. A corrida para a nuvem está cada vez mais acelerada, mas é muito comum as empresas começarem a implementar ambientes de TI híbrida sem antes considerar as cargas de trabalho que realmente precisam desse tipo de ambiente.

O mais importante é que a decisão da sua empresa em migrar as cargas de trabalho e os aplicativos para nuvem não seja arbitrária. Como decidir o que deve ser armazenado em nuvem?

O melhor momento para considerar a migração para a nuvem é quando chegar a hora de atualizar a plataforma de um aplicativo. Não há necessidade de reprojetar um aplicativo ou carga de trabalho para ser compatível com a nuvem. Se ele não tem nenhum problema, por que migra-lo? Para explicar o motivo, vamos supor que sua organização esteja no processo de atualização da plataforma de vários aplicativos, e você deve decidir se aproveitará as vantagens da nuvem para armazená-los. Há algumas considerações básicas para você determinar se é melhor migrar para nuvem ou continuar no hardware local.

Avaliando o que pertence ao local ou à nuvem
Em primeiro lugar, pergunte-se: o aplicativo ou a carga de trabalho é autônoma ou possui várias dependências? O blog da empresa, por exemplo, pode ser considerado carga de trabalho autônoma de fácil migração para a nuvem. No outro extremo, um CRM interno, por exemplo, exige conectividade com o sistema de ERP e com outros sistemas interdependentes. A migração dessa carga de trabalho para a nuvem traria mais riscos em termos de latência e probabilidade de problemas.

Você também deve identificar se a carga de trabalho é voltada para o cliente ou basicamente acessada pela Internet. Se for, provavelmente será melhor hospedá-la na nuvem para garantir que os usuários finais obtenham o máximo de tempo de atividade, desempenho e disponibilidade. Da mesma forma, a nuvem também é mais adequada para cargas de trabalho variáveis. Se você acha difícil prever com exatidão a quantidade de tráfego que um aplicativo receberá em um determinado momento e, por associação, suas necessidades de capacidade, será melhor para você migrá-lo para a nuvem e aproveitar os benefícios dos serviços adicionais e da agilidade inerente.

Pode parecer óbvio, mas o nível de experiência da organização com governança e segurança no que diz respeito aos aplicativos na nuvem deve exercer um papel importante na relação com a migração. Se for a primeira vez que sua organização trabalha com um provedor de nuvem pública e os respectivos termos e condições de segurança do SLA, você provavelmente não começará com um aplicativo básico crítico. Por outro lado, uma equipe experiente deve ter mais confiança na hora de migrar um aplicativo mais complexo e gerenciar a relação com o provedor de nuvem.

É mais importante ter em mente que, no ambiente sob demanda atual, o usuário final espera tempo de atividade e um tempo de resposta aceitável, independentemente de onde você hospeda os aplicativos. Muitas empresas migram para a nuvem com a expectativa de economizar, mas o desempenho, que é o principal impulsionador do tempo de atividade, está estreitamente vinculado aos custos e tem um valor elevado na nuvem. Sem saber os requisitos de cada aplicativo ou carga de trabalho e como um provedor de serviços de nuvem específico é capaz de atendê-los, você poderá ter uma surpresa ao receber a fatura.

O que fazer se não for a hora certa de migrar?
Com certeza, não é porque apenas alguns aplicativos ou outras cargas de trabalho não sejam adequados para a nuvem, ou vice-versa, que essa possibilidade está totalmente fora de questão no futuro. Por exemplo, a sua empresa precisa de uma capacidade de armazenamento considerável e, em algum momento no futuro, a Amazon Web Services pode anunciar um novo serviço de armazenamento a um preço menor que torne a migração para a nuvem viável e atenda aos requisitos de segurança e durabilidade dos arquivos de sua organização.

Em termos gerais, você deve considerar a migração somente quando os requisitos de um aplicativo mudarem. Com isso, você pode estar prestes a ficar sem espaço e recursos em sua infraestrutura física e, em vez de investir em outro hardware local, seria mais econômico aproveitar a escalabilidade da nuvem.

Em outro cenário, se você está executando um aplicativo na nuvem, e o SLA do provedor passar por mudanças a ponto de ser mais barato voltar para um local físico, ou a carga de trabalho tornar-se mais previsível, talvez seja o momento de migrar novamente para um hardware local. Algumas startups nativas na nuvem já atingiram um certo volume crítico que torna mais estratégico e econômico mover partes da infraestrutura de volta ao modelo local (ou compartilhamento de localização).

Pensando como profissional de TI em um mundo híbrido

Apesar dessas considerações, a realidade é que a própria base da tecnologia está se tornando cada vez mais híbrida, e os profissionais de TI devem começar a pensar nas práticas de gerenciamento e monitoramento em um contexto híbrido. Com isso em mente, confira algumas práticas recomendadas que ajudarão você a gerenciar melhor o ambiente de TI híbrida agora ou no futuro.

· Tenha uma mentalidade de nuvem híbrida: Apesar do crescente papel da nuvem na estratégia de datacenter, a infraestrutura de TI local não mudará muito por enquanto. Para unir essas duas abordagens, infraestrutura de TI tradicional e serviços de nuvem, e preparar-se para o futuro da TI híbrida, adote um método voltado à carga de trabalho e use a nuvem, o hardware local e uma combinação dos dois, de acordo com cada carga de trabalho.

· Adote o DevOps: Independentemente da arquitetura do aplicativo e da marca dos servidores, é importante ter um aplicativo moderno em mente. O movimento de DevOps trouxe novas práticas, ferramentas e processos que beneficiaram o desenvolvimento e as operações de TI em geral. As organizações podem adotar os princípios básicos e as práticas recomendadas de DevOps, incluindo orientação de usuário final e desempenho, visibilidade e monitoramento de ponta a ponta e colaboração para obter um datacenter mais ágil, disponível, escalonável e eficiente.

· Monitore para a era híbrida: Da mesma forma que se deve estabelecer uma visão unificada de todo o hardware local, no qual a infraestrutura provavelmente tem um número qualquer de soluções de fornecedores diferentes, os profissionais de TI devem implementar um sistema de monitoramento capaz de lhes proporcionar uma visão de todo o ambiente de TI híbrida. Esse tipo de sistema possibilita que você tome decisões bem-informadas sobre as cargas de trabalho que pertencem ao hardware local ou à nuvem. Você deve ser capaz de ver, em um único lugar e a qualquer momento, quando o desempenho do aplicativo está lento ou abaixo do esperado, seja na nuvem ou no hardware local, e comparar o desempenho relativo entre os dois para tomar decisões bem-informadas.

Ao final do dia, com tantas opções de hospedagem de aplicativos, seja em contêiner, máquina virtual ou nuvem, as empresas esperam a certeza do desempenho e a economia nos custos. A melhor maneira de atender a essa expectativa é por meio de ferramentas de monitoramento adequadas, que proporcionam um entendimento das alterações nos aplicativos ao longo do tempo e acompanham os requisitos reais dos aplicativos e da carga de trabalho.

· Crie um mapa: Não existe um caminho certo para adotar elementos de computação em nuvem e introduzir a TI híbrida em sua organização. Cada empresa é diferente e, geralmente, essa jornada leva vários anos. A melhor opção para qualquer departamento de TI que esteja considerando migrar para nuvem é criar um mapa. Você precisa estar bem-informado para tomar decisões inteligentes quando se trata de nuvem, mesmo que a decisão seja não fazer nada por enquanto, pois não há necessidade de mudança imediata.

Tomar esse tipo de decisão exige desenvolver conhecimentos específicos, inclusive saber como obter a visibilidade certa com ferramentas de monitoramento híbridas, criar processos para migração e teste de aplicativos e modelos de planejamento econômico e de capacidade que não dependam de tecnologias específicas, como virtualização ou computação em nuvem.

O importante é elaborar um mapa de adoção da nuvem baseado em uma avaliação de cada carga de trabalho, que leve em consideração os requisitos, a variabilidade da carga de trabalho, a vantagem potencial, os custos e a urgência.

Fonte: CIO

Texto original:
http://cio.com.br/tecnologia/2016/09/01/o-que-pode-e-o-que-nao-pode-ser-migrado-para-a-nuvem/