Os piores vícios da TI e como curá-los

Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro

Os piores vícios da TI e como curá-los

Você é um maníaco por controle? Um viciado em dados? Um viciado em infraestrutura? Pois saiba que seus vícios tecnológicos podem estar prejudicando a sua empresa

Por: Dan Tynan

Todo mundo tem maus hábitos, mas às vezes eles podem se transformar em compulsões. Embora o vício em tecnologia seja uma coisa real, especialmente para os adolescentes , os profissionais de TI têm seus próprios macacos nas costas.

Seja você um viciado em infraestrutura ou um expert do Slack, perseguindo o dragão de dados ou hipnotizado pelas luzes piscantes no painel do centro de operações de rede, seus vícios tecnológicos podem matar a produtividade, enfraquecer os orçamentos e paralisar a inovação.

A incapacidade de abandonar o controle pode levar a silos tecnológicos e guerras territoriais. A dependência excessiva da Inteligência Artificial pode realmente prejudicar e não ajudar sua empresa. E mesmo que todo mundo adore novos brinquedos brilhantes, eles podem não ser as soluções mais econômicas para sua organização.

O primeiro passo no caminho para a recuperação é admitir que você tem um problema. O próximo passo é ler nossas receitas de como se livrar desses vícios tecnológicos.

Dependência No. 1: Big Data

Como os dados impulsionam quase todas as decisões de negócios, é fácil entender por que o apetite da empresa por ele é insaciável. Mas coletar dados apenas porque você pode, sem um plano de como usá-los efetivamente, pode ser pior do que não coletar dados.

De acordo com pesquisas realizadas pela Square Root, os funcionários gastam mais de 20 horas por semana coletando e analisando dados, mas mais de 40% das organizações não estão colocando esses dados em uso.

“As organizações sofrem do que os especialistas chamam de paralisia de análise”, diz Sarah Kampman, vice-presidente de produto da Square Root, cuja plataforma CoEfficient SaaS ajuda varejistas e marcas automotivas a entender seus dados. “A informação não está se traduzindo em mudanças comportamentais que impulsionem o sucesso.”

Em vez de se concentrar em Big Data, as empresas fariam melhor em analisar o Small Data que é mais relevantes para sua missão. Kampman diz que começa com uma única fonte de verdade que cada parte da organização pode usar.

“Coletar seus dados corporativos em uma pilha de vários petabytes não transformará sua organização em uma empresa de mineração de dados enxuta e com alto desempenho”, concorda Mike Meikle, sócio da SecureHIM. “Os dados são valiosos, sim, mas saber o que manter, como usá-los e quem os gerencia são tarefas críticas”.

A cura: você não precisa se preocupar em coletar muitos dados, mas precisa ser mais seletivo sobre o que faz com eles. Identifique dados que são realmente críticos para as decisões de negócios, limpe e elimine o que você não precisa, diz Meikle.

Dependência No. 2: Inteligência Artificial

Como o Big Data, a Inteligência Artificial e o Machine Learning são palavras-chave do momento. O raciocínio é o seguinte: você coleta um grande conjunto de dados, executa-o em alguns modelos de Machine Learning e obtém insights de negócios imediatos.

Bem, não exatamente. Apesar do que você pode ter lido, a IA não é a solução para todos os problemas, observa Cristian Rennella, co-fundador e CIO da MhorhorTrato.

Depois de nove anos fazendo seu departamento de RH responder às perguntas dos funcionários por meio de bate-papo ao vivo e telefonemas, ele começou a desenvolver seu próprio chatbot baseado em Inteligência Artificial, usando a plataforma TensorFlow do Google.

Foi um grande sucesso, diz Rennella. A empresa conseguiu automatizar as respostas para 67% de todas as perguntas e melhorou a produtividade dos funcionários em 24%. O chatbot xom IA provou ser igualmente útil para automatizar as consultas de vendas.

Mas quando eles tentaram aplicar IA ao marketing, foi um desastre, diz ele. A IA não conseguiu segmentar facilmente a base de clientes da empresa e as conversões foram 35% menores.

“Aprendemos que nem tudo pode ser otimizado com IA”, diz ele. “Nunca conseguimos alcançar o mesmo nível de sucesso que tivemos com relacionamentos pessoa a pessoa”.

A cura: Antes de você entrar em contato com as soluções de Inteligência Artificial, execute pequenos pilotos primeiro para ver o quão bem-sucedido é para cada caso de uso, diz Rennella.

Dependência No. 3: Infraestrutura

Muitos CIOs que passaram a maior parte de suas carreiras gerenciando data centers e as pessoas que os administram geralmente não conseguem ou não querem deixar de fazer o que sempre fizeram. Para eles, a infraestrutura é literalmente viciante, diz Chandra Sekar, vice-presidente de marketing da Avi Networks.

Sekar, que se considera um “engenheiro em recuperação”, diz que superou seu vício quando começou a trabalhar para empresas que adotaram a computação em nuvem.

“A migração para a nuvem é uma das maiores tendências em TI corporativa, mas nem todos os profissionais de TI conseguiram se livrar de seu vício em hardware”, diz ele. “Manter uma visão centrada em hardware em vez de uma centrada na aplicação retarda a capacidade de uma empresa de inovar e prosperar”.

A cura: pense mais deliberadamente sobre quais aplicativos e serviços realmente precisam estar on-premise e coloque o restante na nuvem. Isso liberará os CIOs para pensarem mais estrategicamente sobre os negócios, afirma Doug Bordonaro, principal divulgador de dados da ThoughtSpot.

“Os CIOs gastam muito tempo em infraestrutura e não têm tempo suficiente para proteger os negócios”, diz ele. “Eles precisam quebrar o vício da infraestrutura e gastar mais tempo investindo e monetizando programas de dados, ou equipando a equipe com habilidades de ponta.”

Dependência n º 4: Slack

De todas as ferramentas de comunicação empresarial sempre em tempo real, o Slack encontrou um nicho específico no mundo da tecnologia.

O problema é que as organizações podem se tornar tão dependentes da ferramenta de bate-papo como forma dominante de comunicação. As pessoas acabam gastando mais tempo Slacking do que trabalhando.

Dave Teare, co-fundador e CTO da AgileBits, sabe disso muito bem. Dois anos atrás, ele escreveu um post no blog da empresa sobre como sua crescente dependência do Slack se tornara mais prejudicial do que útil.

“Lentamente, mas com certeza, esse vício está matando minha sanidade e minando nossa produtividade, já que simplesmente usamos o Slack para muitas coisas”, escreveu ele.

Quando o AgileBits começou a usar o Slack, todo mundo adorou. Em pouco tempo, os 60 funcionários da empresa haviam criado 81 canais públicos na plataformas. Sempre que os funcionários faziam uma pergunta, o Slack era o primeiro lugar aonde iam, mesmo quando havia opções melhores, como wikis internos e bases de conhecimento.

Porém, quanto mais conversas surgiam, menos provável se tornava uma discussão detalhada e aprofundada sobre qualquer coisa.

“O fato é que estar conectado não permite, magicamente, uma comunicação eficaz”, escreveu Teare.

Teare diz que se viu tentando desesperadamente acompanhar todas as conversas de Slack que estavam ocorrendo em sua companhia e se tornando mais brusco em suas respostas, antes de finalmente decidir dar um tempo.

Quando a empresa retomou o uso do Slack algumas semanas depois, estabeleceu novas regras: manter os canais mais focados, convidar menos membros da equipe para cada discussão e usá-los apenas para bate-papos efêmeros, explica Jeff Shiner, CEO da empresa . Quando uma discussão precisa ser salva ou arquivada, a AgileBits usa outras ferramentas, como o Workplace.

“As pessoas perdem a capacidade de se comunicar adequadamente quando confiam em qualquer tipo de tecnologia como o único meio de comunicação”, diz Jimmy Carroll, sócio e diretor da TetraVX. “As coisas demoram mais para serem realizadas.”

A cura: crie regras sobre o Slack e outras formas de comunicação corporativa. Por exemplo, incentive os funcionários a usar o bate-papo por vídeo para resolver problemas ou solicite que eles atendam o telefone e falem se uma sequência de e-mails se estender demais, diz Carroll.

“Mas isso tem que vir de cima para baixo”, diz ele. “Você precisa estabelecer procedimentos para proteger seus funcionários de si mesmos.”

Dependência No. 5: Controle

À medida que mais empresas evoluem para organizações digitais em primeiro lugar, alguns profissionais de TI se movem instintivamente para proteger seu território, acumulando conhecimento e estabelecendo mini-feudos. Eles são viciados em ter controle sobre seus domínios de especialização.

Você sabe que tem um problema quando sua área de informática começa a se assemelhar ao cenário de Game of Thrones, diz Meikle.

“Cada gerente luta pelo controle de sua área, rapidamente despachando inimigos que fazem perguntas sobre sistemas críticos”, diz ele. “Sua equipe zelosamente protege o acesso e o conhecimento de seu feudo. Orçamentos, processos, níveis de pessoal são todos opacos e você reclama sobre como os clientes corporativos são idiotas.”

O surgimento de novos executivos da diretoria executiva , como diretor executivo digital , diretor executivo de UX ou diretor de tecnologia de marketing, cria um potencial ainda maior para as guerras por território, já que cada um espera conquistar suas próprias peças do bolo tecnológico.

Todos os que cuidam de suas próprias agendas são um ingrediente a mais para o desastre, diz Scott Kitlinski, CIO e vice-presidente de serviços gerenciados da Astadia, uma consultoria em nuvem.

“Todos desempenham papéis diferentes que devem se encaixar sinergicamente”, diz ele.

A cura: desista da ilusão de controle e abrace o compartilhamento e a transparência, diz Meikle.

“Você precisa passar do conhecimento acumulado para o compartilhado”, diz ele. “Recompense sua equipe por compartilhar informações e ajudar os outros. Implemente processos para criar transparência no funcionamento do departamento de TI.”

Dependência No. 6: Luzes piscando

A ciência tem mostrado que toda vez que seu telefone toca, um pequeno choque de dopamina passa pelo seu cérebro. Essas notificações são ainda mais viciantes para os técnicos colados nos painéis, aguardando ansiosamente a próxima luz piscando.

“Todos temos uma coisa que verificamos compulsivamente”, diz Leon Adato, chefe da SolarWinds, fabricante de software de gerenciamento de infraestrutura. “Pode ser o painel do NOC, pode ser o rastreador de desempenho para o seu sistema, uma estatística da nuvem. Para muitos, é o painel de monitoramento.”

Notificações aleatórias constantes roubam sua atenção, esgotando sua capacidade de realizar um trabalho produtivo, diz Prince Ghuman, professor de neuro marketing, comunicação e empreendedorismo da Hult International Business School.

“Temos uma atenção limitada, e nossa força de vontade também é limitada”, diz Ghuman, coautor de um livro sobre dependência digital. ”

Você sabe que está viciado em notificações quando percebe que elas estão impedindo seu trabalho, diz Adato. Se você se sentir culpado pelo tempo que passa obcecado por painéis, isso é um sinal claro.

A cura: os profissionais de TI precisam ser mais disciplinados sobre como gastam seu tempo, diz Adato. Use ferramentas que permitam identificar e filtrar notificações importantes do restante e definir limites de quanto tempo você gasta verificando as telas, em vez de realizar o trabalho real.

Dependência No. 7: Novos objetos brilhantes

Todo mundo adora brinquedos novos. Mas quando isso resulta em armários cheios de hardware e licenças não utilizados para o software, você tem um problema.

“Há uma bela fixação que todos nós temos com o que chamo de síndrome da bola saltitante”, diz Ingrid Lindberg, fundadora da Chief Customer. “O que precisamos construir em seguida? O que precisamos fazer a seguir? O que precisamos vender em seguida? E a coisa que descobri que tem o maior impacto para os clientes é: você está realmente cumprindo o básico? você está facilitando as coisas para eles? ”

O hardware ou software mais recente não é uma panaceia para resolver seus problemas de TI mais críticos, observa Meikle.

“Lembra-se do triângulo comercial – pessoas, processos e tecnologia?”, pergunta. “As pessoas e o processo são igualmente importantes, se não mais, do que todo o hardware e software do seu arsenal.”

A cura: Em vez de comprar o último objeto brilhante, Meikle sugere pegar o dinheiro e aplicá-lo para treinar as pessoas que trabalham para você. Construa uma equipe para gerenciar seus projetos. E certifique-se de que haja uma justificativa comercial clara para cada compra importante.

“Quando você não sabe a justificativa comercial para gastar dólares em um ativo de TI, então você precisa se voltar para o básico.”

Fonte: CIO

Texto original:
http://cio.com.br/gestao/2018/05/28/os-piores-vicios-da-ti-e-como-cura-los/