Os robôs já estão substituindo trabalhadores humanos a uma taxa alarmante
Todos sabemos, ou ao menos suspeitamos, que os robôs estão tomando os empregos das pessoas, mas uma nova pesquisa mostra o nível dramático com que robôs industriais estão substituindo trabalhadores humanos e forçando os salários para baixo.
Por: George Dvorsky
Cada robô adicional na economia dos Estados Unidos representa 5,6 trabalhadores a menos, e cada robô adicionado à força de trabalho, a cada mil trabalhadores humanos, faz os salários caírem entre 0,25% e 0,5%. Essas são as conclusões a que chegaram Daron Acemoglu, do MIT, e Pascual Restrepo, da Universidade de Boston, que publicaram suas descobertas no National Bureau of Economic Research.
Sem dúvidas, os robôs estão causando um efeito transformador no mercado de trabalho dos Estados Unidos (e do mundo), e essa é uma tendência que provavelmente irá continuar. Essa forma de automação pode em breve ganhar a companhia de outro impulsionador de desemprego tecnológico: a inteligência artificial. De acordo com uma análise da International Data Corporation, virtualmente, nenhum emprego está seguro.
Para esse novo estudo, Acemoglu e Restrepo observaram o efeito de robôs industriais em mercados de trabalho locais, de 1993 a 2007, definindo um robô industrial como “uma [máquina] multitarefas, reprogramável e controlada automaticamente”. Eles especificamente observaram máquinas completamente autônomas que não exigem um operador humano e que podem ser programadas para desempenhar diversas tarefas manuais, como soldagem, pintura, montagem, manuseio de materiais e embalagens.
Os impactos desses robôs no mercado de trabalho dos Estados Unidos foram “compensados” por outros fatores, como importações da China e do México, o declínio de empregos rotineiros, a realocação de outros tipos de trabalho e por aí vai.
Acemoglu e Restrepo estimam que, em geral, a cada mil trabalhadores, um robô adicional reduz a relação emprego-população em 0,18 a 0,34 ponto percentual, enquanto também reduz os salários em 0,25% a 0,5%. Para dar um contexto, o estoque de robôs industriais nos Estados Unidos aumentou quatro vezes durante o período estudado.
“Por haver relativamente poucos robôs na economia americana, o número de empregos perdidos por causa deles tem sido limitado até agora (entre 360 mil e 670 mil empregos)”, os autores escrevem. “Entretanto, se a propagação de robôs prosseguir como esperado pelos especialistas ao longo das próximas duas décadas, as implicações futuras agregadas da disseminação de robôs poderiam ser muito maiores.” Os pesquisadores viram efeitos negativos em, virtualmente, todos os cargos, com exceção dos gerentes. “Previsivelmente, as maiores categorias sofrendo declínios substanciais são profissões manuais rotineiras, operários, operadores e funcionários de montagem, maquinistas e trabalhadores de transporte”, escrevem os autores.
Especialistas preveem que o estoque de robôs nos Estados Unidos irá quadruplicar até 2025, saltando de 1,75 para 5,25 robôs adicionais a cada mil trabalhadores. Isso reduzirá a relação emprego-população em 0,94 ponto percentual, para 1,76 ponto percentual, resultando também em um menor crescimento salarial de 1,3% a 2,6% entre 2015 e 2025. A adição de mais 5,25 robôs a cada mil trabalhadores pode também aumentar a perda de trabalhos adicionais para algo entre 1,9 milhão e 3,4 milhões em apenas uma década. Tudo isso, é claro, presumindo que as economias do futuro se comportem da mesma maneira como a nossa economia se comporta hoje, em resposta às automações extras na força de trabalho.
A automação não pode ser parada, mas há maneiras de amenizar seus efeitos. Bill Gates propôs que robôs fossem taxados; os fundos arrecadados poderiam ser usados para treinar e dar suporte financeiro a trabalhadores que perderam seus postos, possibilitando-lhes a transição de empregos nas áreas da saúde e da educação, entre outras. Uma ideia parecida é fazer as empresas robóticas ajudarem os trabalhadores que elas acabam deslocando.
Porém, há também um cenário a longo prazo a ser considerado, além do aumento do desemprego tecnológico causado pelos avanços em inteligência artificial. Se as coisas ficarem ruim demais, os governos podem precisar reajustar a economia em uma escala similar às mudanças feitas na Grande Depressão (ou seja, o crescimento do chamado estado de bem-estar). Eventualmente, os governos poderiam tomar a dianteira e implementar uma renda básica garantida.
E, apenas talvez, esse futuro estado de bem-estar de ficção científica não seja tão terrível, especialmente se nossas máquinas tomarem postos de trabalho perigosos, servis e degradantes. Nós, humanos, somos bem adaptáveis e, com certeza, vamos achar maneira de nos ocupar enquanto os robôs fazem o trabalho duro.
Fonte: GIZMODO
Texto original:
http://gizmodo.uol.com.br/robos-substituindo-humanos/