Quatro apostas sobre o efeito Trump no mercado brasileiro de TI

Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro

Quatro apostas sobre o efeito Trump no mercado brasileiro de TI

Chegou a hora de analisar o cenário e ajustar o planejamento para 2017

Por: Dagoberto Hajjar

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Surpreendente! Esta foi a frase que mais ouvi sobre a vitora de Donald Trump, tanto da mídia quanto dos empresários de TI, na corrida presidencial norte-americana. Foi definitivamente inesperado e, portanto, é hora de analisar o cenário, refazer as apostas e ajustar o planejamento para 2017.

Passei os últimos dois dias ligando para empresários de TI no Brasil e Estados Unidos para perguntar quais seriam as apostas caso Trump fosse eleito. Todos me respondiam com ironia, tendo certeza absoluta que minha preocupação não tinha qualquer fundamento. Pois agora, temos que olhar as consequências e impactos, e refazer as apostas. Neste artigo vou colocar minhas apostas.

Minha primeira aposta é que Trump foi eleito por um movimento de forte nacionalização. Eu morei no interior da Florida dos 16 aos 18 anos de idade, através de um programa de intercâmbio de estudantes. Estive lá no mês passado e vi que a cidade inteira ia votar no Trump, porque não queriam estrangeiros no país e porque queriam mais empregos e crescimento para os EUA. Este movimento nacionalista, a exemplo de outros que estão acontecendo na Europa, teria consequências até mesmo sem a eleição de Trump. Acredito que, em 2017 e 2018, os americanos tenham forte preferência por comprar de empresas americanas, portanto, as empresas Brasileiras terão maior dificuldade em vender lá.

Minha segunda aposta é que as empresas brasileiras de TI focarão, em 2017, no mercado doméstico, até como fruto da primeira aposta. Na pesquisa que fizemos no final de 2015, os empresários de TI tinham sinalizado que aumentariam o foco no mercado internacional por conta do baixo desempenho do mercado doméstico e pela taxa de câmbio. Agora no final de 2016, os empresários mostraram, na pesquisa, a mudança de foco do internacional para doméstico. O efeito Trump, então, aumentará esta tendência.

Minha terceira aposta é no expansionismo internacional das empresas americanas. Acredito que 2017 será um ano de incerteza para os empresários americanos. De outro lado temos o Brasil apresentando um cenário promissor. Então, acho que as empresas americanas retomarão o processo de entrada, investimentos e vendas no mercado Brasileiro.

Este movimento estava forte até 2011, quando as empresas começaram a perder o interesse no Brasil por conta da economia que passou a dar sinais de instabilidade, decadência e risco. A retomada deste processo altera significativamente o cenário competitivo. Empresas internacionais chegam no Brasil com padrões mais altos de qualidade, com melhores processos, gestão, marketing e vendas.

Minha quarta aposta é que a gestão Trump será intensa. Tem vários comentaristas falando que, ao sentar na cadeira, ele verá a real complexidade do sistema e as decisões serão naturalmente mais lentas e brandas. Eu acho que o perfil dele é de mandar fazer, tendo certeza que a ordem será cumprida, o que vai criar rupturas no atual sistema de governo. Para o bem e para o mal. Este “calor” assusta empresários e investidores, que poderão olhar para o Brasil como uma alternativa temporal.

O que eu vou mudar no meu planejamento para 2017: foco em vendas domésticas, excelência em processos e qualidade, e estar preparado para as empresas internacionais que virão para o Brasil.

Fica a dica.

Fonte: CIO

Texto original
http://cio.com.br/opiniao/2016/11/10/quatro-apostas-sobre-o-efeito-trump-no-mercado-brasileiro-de-ti/#sthash.AG6WcUhS