Quer avançar na carreira de TI?
No cenário regido pelo digital, é preciso muito mais que competência técnica. Conheça dicas valiosas dos comandantes da transformação
Por: Solange Calvo
A Transformação Digital, de acordo com a consultoria global Gartner, parte de um princípio que parece simples, mas nem tanto: mudança de mentalidade. Nesse novo desenho de mundo, onde tudo é conectado, digital e veloz, algo vai muito além da tecnologia: pessoas. Elas é quem irão reger essa mudança de mentalidade para redesenhar a área de TI, gerando e disseminando a inovação.
Não por acaso, a consultoria prevê que até 2021, 40% da equipe de TI será mais versátil que a própria tecnologia. Esses profissionais conseguirão desempenhar variados papéis, a maioria direcionada a negócios, pessoas com perfis multitarefa, trabalhando no modelo de colaboração em grupos multidisciplinares.
Novos atores, jovens, integram times, estão renovando a imagem e a atuação da TI em empresas de variados portes e setores de atuação. Misturam-se a gerações anteriores, modernizando a experiência e aguçando descobertas – frutos da integração.
As novas competências técnicas exigem a inclusão de soft skills, que são habilidades transversais como pensamento crítico, solução de problemas, conhecimento de negócios e habilidades de comunicação e sensibilidade, que serão tão importantes quanto as qualificações técnicas. Como recomenda Zacarias Gonçalves de Oliveira Junior, gerente de TI do Instituto Presbiteriano Mackenzie.
“É uma geração que está quebrando muitos paradigmas, ajudando a construir um novo ambiente. Aquelas pessoas sérias, que ficavam trancadas numa sala em alto nível de concentração estão perdendo espaço para pessoas criativas, descontraídas, que não fazem questão de ter uma sala isolada e se vestem informalmente”, diz Marcio Krauser, CIO da Legrand.
Ricardo Ribeiro, CIO da Nestlé Brasil, revela que trabalha fortemente com as novas gerações para que sejam presidentes de suas próprias ideias, grandes líderes e inspiradores. “E, acima de tudo, boas pessoas com pensamento no coletivo, preocupados com o meio ambiente e com as novas gerações, e que sejam felizes, muito realizados profissional e pessoalmente.”
A seguir, conheça dicas valiosas dos comandantes da TI da Legrand, Nestlé Brasil e Mackenzie, para quem deseja avançar na carreira de TI.
Marcio Krauser, CIO da Legrand
1. Autoconhecimento
Para exercer com excelência a sua profissão, a pessoa deve gostar do que faz. Em algumas áreas, a pessoa pode começar a gostar com o tempo. Na área de TI, é um pouco parecido com Matemática, quem não gosta, dificilmente passará a gostar com o tempo.
Portanto, conheça bem a rotina de um profissional de TI e veja se realmente é disso que gosta. Um erro que muitas pessoas cometem é pensar que por gostar de usar o computador e outros recursos tecnológicos, estão aptas a exercer a profissão de TI. Ser um usuário de informática é bem diferente de ser um profissional de informática.
2. Atualização constante
Todos os profissionais devem se manter em constante aprendizado, pois tudo muda numa velocidade muito rápida hoje. Em TI, as mudanças são muito rápidas, o que exige que profissionais estejam se reinventando a todo tempo. Desafio que se intensificou com a transformação digital.
Uma linguagem de programação que você domina hoje, pode sumir do mercado em poucos anos. Essa constante mudança exige que o profissional tenha o poder de absorver mudanças e novas tecnologias acima da média.
Universidades e cursos complementares são ótimos caminhos, porém muitas vezes acabam ficando desatualizados com o que o mercado está praticando. Para minimizar esse risco, um bom networking e o uso de benchmark são essenciais. Use e abuse de conversar e trocar informações com outros profissionais de TI.
3. Empatia e relacionamento
Por ser uma área muito técnica, geralmente formam-se bons profissionais, porém, muitas vezes eles não têm muito habilidade de se comunicar e lidar com pessoas.
Um bom profissional de TI, que sabe se relacionar com os outros profissionais, escutando seus problemas, usando uma linguagem adequada e acessível, colocando-se no lugar deles, tem grande possibilidade de evolução.
São valores agregados, que, quando colocados em prática, facilita o entendimento e o alinhamento das necessidades das pessoas. Além disso, promove o seu aprendizado e o seu networking.
Zacarias Gonçalves de Oliveira Junior, gerente de TI do Instituto Presbiteriano Mackenzie
1. Capacidade de Adaptação
Um dos pontos principais que os profissionais de TI devem cuidar é da capacidade de adaptação neste cenário muito mais dinâmico que estamos enfrentando com a transformação digital – que nos leva a todo momento a repensarmos nossas práticas e formas de construção e compartilhamento de conhecimento, “intra e extradepartamental”.
2. Conceito Life long learning
Decorrente da questão da adaptação, todo profissional e mais especificamente o de TI, deve atentar para o que Alvin Toffler apontou em um dos seus clássicos sobre os analfabetos do século XXI, que não serão aqueles que não sabem ler e escrever, mas sim aqueles que não têm a capacidade de aprender, desaprender e reaprender. Ou seja, há a necessidade de se vivenciar o conceito “Life Long Learning” (LLL) durante as nossas jornadas pessoal e profissional.
3. Soft skills
Recomendo aos profissionais de TI que busquem não somente ampliar os seus conhecimentos técnicos (habilidades cognitivas), mas principalmente estarem atentos ao que a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – Education at a Glance 2015, apontou sobre capacidades de um profissional do século XXI. No estudo, há as habilidades e competências socioemocionais (as chamadas soft skills) como fatores vitais para o desenvolvimento social: aberto a novas experiências (imaginativo, artístico, curioso e não convencional); consciente (organizado, autônomo, disciplinado e não impulsivo); extrovertido (amigável, sociável, autoconfiante, energético, aventureiro e entusiasmado); estável emocionalmente (resiliente, com reações emocionais consistentes e sem mudanças bruscas de humor).
Ricardo Ribeiro, head IS-IT Nestlé Brasil
1. Curiosidade
Aqui destaco o ‘olho vivo’ em todo ecossistema. Observação ao que está acontecendo ao redor e principalmente aos detalhes. Na verdade, estamos “reinventando a roda”. O que alguns anos atrás era um jargão e uma atitude não tão bem vista, hoje percebemos que os diferentes pontos de vista fazem com que os resultados sejam muito mais assertivos, sob variados aspectos. É possível sim o surgimento de novos tipos de roda.
2. Perfil desafiador
Desafie padrões, status quo, especialistas e os ditos “medalhões”. Mas é preciso tomar cuidado com arrogância e construir o desafio de forma natural. Mostre-se interessado e coloque-se do lado da solução, da parceria, do trabalho em grupo e da colaboração. Atente para o fato de que por meio das perguntas surgem as grandes ideias. Então, não se prive de perguntar. Não tema fazer qualquer tipo de pergunta. Até mesmo… “a roda pode ser retangular?”.
3. Conexões
É preciso estabelecer tanto as conexões dos fatos, argumentos, situações e conhecimento técnico (o que chamamos de insights), como também as profissionais, pessoais, enfim, conexões sociais. Destaco o otimismo acima de tudo, citando como fonte o estudo da universidade norte-americana Harvard chamado “O Jeito Harvard de ser feliz”. Sugiro entrar agora no YouTube com o smartphone que está em seu bolso, assistir aos sete minutos, pensar, repensar e, ao final, agir. Desejo boa reflexão!
Fonte: CIO
Texto original:
http://cio.com.br/carreira/2018/09/10/quer-avancar-na-carreira-de-ti/